PRIMEIRO DIA: 07 DE NOVEMBRO
Palestra I: Medicamentos Inovadores
Terapias Medicamentosas Inovadoras e seus efeitos
Palestrante: Profa Dra. Maria Luiza Cruz
Medicamentos inovadores frequentemente introduzem novos mecanismos de ação e tratamentos eficazes para doenças previamente intratáveis, como a terapia genética e os anticorpos monoclonais para o câncer e doenças hereditárias. No entanto, essas novas terapias também podem apresentar efeitos adversos desconhecidos que não foram completamente identificados durante os ensaios clínicos iniciais. A novidade desses tratamentos implica uma falta de dados sobre segurança a longo prazo, com possíveis efeitos adversos surgindo somente após o uso em larga escala. Esses efeitos podem incluir reações imunológicas imprevistas, toxicidade a órgãos específicos, ou interações adversas com outros medicamentos não previstos inicialmente. A farmacovigilância pós-comercialização é crucial para monitorar e identificar esses efeitos adversos, ferramentas como sistemas de notificação de eventos adversos, estudos observacionais e registros de pacientes são essenciais para coletar dados sobre a segurança dos medicamentos inovadores após sua introdução no mercado.
Simpósio: Vacinas
Vacinas de DNA contra o vírus da Dengue
Palestrante: Dra. Ada Maria de Barcelos Alves
Será apresentado um resumo dos estudos que venho realizando com o meu grupo no Laboratório de Biotecnologia e Fisiologia de Infecções Virais do Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz, Rio de Janeiro, sobre o desenvolvimento de vacinas de DNA contra o vírus da dengue. Construímos diversas vacinas de DNA que codificam a proteína do envelope viral (E) ou a proteína não estrutural 1 (NS1) do vírus dengue (DENV), contendo diferentes sequências sinais para o direcionamento das vias de secreção e/ou ancoramento na membrana plasmática das células hospedeiras. Tais vacinas foram testadas em cultura de células, para avaliação da expressão das proteínas recombinantes, e em modelos murinos, com investigações da imunogenicidade e potencial protetor. Dentre todas as vacinas analisadas, duas se mostraram mais imunogênicas e protetoras, denominadas pE1D2 e pcTPANS1. Avaliamos as respostas imunes humoral e celular induzidas em camundongos, antes e após o desafio com uma dose letal de DENV. Posteriormente, iniciamos estudos para mapear os mecanismos envolvidos na proteção, fenotipagem das células T e produção de algumas citocinas. Mostramos um papel fundamental das células TCD4+ e identificamos os epítopos imunodominantes contidos nas proteínas E ou NS1.
Vacinas: Desafios
Palestrante: Dra. Viviane Maimoni Gonçalves
A palestra discutirá o processo de desenvolvimento de novos produtos biológicos, destacando a importância de estabelecer os bioprocessos o mais cedo possível para minimizar desafios na implementação da produção conforme as condições de boas práticas de fabricação (BPF). Essas condições são essenciais para a obtenção de lotes destinados a ensaios clínicos. Serão apresentados exemplos de bioprocessos para a produção de antígenos recombinantes de Streptococcus pneumoniae e do imunoterápico recombinante onco-BCG.
Vacinas Inovadoras para Alzheimer
Palestrante: Prof. Dr. Adriano Silva Sebollela
Um anticorpo conformacional direcionado para oligômeros do peptídeo β-amilóide como ferramenta diagnóstica e terapêutica contra a doença de Alzheimer
Está bem estabelecido que agregados do peptídeo β-amilóide estão implicados na patogênese da doença de Alzheimer (DA). Essa noção tem guiado o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas para a DA, a maior parte dessas centrada na imunização passiva empregando anticorpos contra agregados de Aβ. Nosso grupo identificou um anticorpo do tipo scFv (cadeia única) altamente seletivo para oligômeros solúveis de Aβ (AβOs) com massa molecular > 50 kDa. Esse anticorpo, denominado NUsc1, é capaz de neutralizar a toxicidade de AβOs in vitro e in vivo. A seletividade de NUsc1 pode também ser aplicada em ensaios quantitativos para AβOs com relevância na DA presentes em baixas concentrações em fluidos biológicos e extratos de tecidos. Os dados já obtidos indicam que a expressão cerebral de NUsc1 por estratégia de terapia gênica é capaz de prevenir a perda cognitiva em modelos murinos de Alzheimer. Além disso, desenvolvemos um ELISA altamente sensível usando NUsc1 como anticorpo de detecção capaz de quantificar AβOs em extratos de cérebro e liquor de camundongo transgênicos que expressam Aβ humano. Esse método pode ser usado também para isolar um subconjunto de AβOs de alta massa molecular de amostras complexas, incluindo cérebros humanos com DA, sob condições não desnaturantes, para caracterização bioquímica usando proteômica top down ou mesmo para determinar a estrutura de AβOs em alta resolução.
Mesa Redonda I: Imunogenética