Terceiro dia: 25 de Outubro
Mesa Redonda II - Vacinologia e Futuras Pandemias

Doenças Infectocontagiosas
Palestrante: Prof. Dr. Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza
Doenças de potencial pandêmico - Identificação e resposta precoce
​Apesar das experiências pandêmicas recentes (influenza H1N1 e covid-19) e do aprimoramento de sistemas globais de vigilância e troca de informações, não estão claras as medidas necessárias para identificação precoce e contenção de doenças de potencial pandêmico. Medidas como abordagens da interface ambiente-animais-seres humanos (abordagem de “saúde única”), buscas em grandes bases de dados (big data)de redes sociais, monitoramento de venda de medicamentos específicos ou sintomáticos tem sido propostas, mas ainda necessitam de validação prática. A inteligência artificial é uma ferramenta promissora. Em todos esses casos, preocupa o risco de direcionar de forma equivocada grandes recursos e esforços das políticas desaúde

Vacinas Recombinantes
Palestrante: Profa. Dra. Luciana Cezar de Cerqueira Leite
Nova vacina contra tuberculose humana e bovina
Uso da estratégia do BCG recombinante para o desenvolvimento de vacina aprimorada contra tuberculose. Serão apresentados resultados de construção da vacina, prova de eficácia e investigação dos mecanismos de proteção.

Protótipos de Vacinas de RNA
Palestrante: Prof. Dr. Akira Homma
A vacinologia engloba todas as atividades relacionadas com o desenvolvimento de uma vacina, seu uso e a erradicação de uma doença. A prevenção de doenças já existia no século XV, com a variolização, método desenvolvido pelos chineses para prevenir a varíola. A primeira vacina, justamente contra a varíola, foi descoberta em 1796 por Edward Jenner. Posteriormente, em 1881, Louis Pasteur desenvolveu novas vacinas, como as da cólera aviária, antraz e raiva.
A importância do binômio Vacinas & Vacinação ganhou destaque e muitas novas vacinas foram descobertas. Atualmente, mais de 30 vacinas são utilizadas para prevenir doenças em crianças, adolescentes, adultos e idosos. Durante a pandemia de Covid-19, em 2020, as vacinas foram desenvolvidas de forma emergencial. A vacina de mRNA foi produzida em menos de um ano, representando um novo paradigma, já que tradicionalmente o desenvolvimento de uma vacina levava de 10 a 15 anos. Em 2022, a CEPI (Coalition for Epidemic Preparedness Innovations) lançou o programa "100 dias para desenvolver uma vacina", reforçando a estratégia de acelerar esse processo, especialmente para prevenir novas pandemias. A tecnologia de mRNA, por sua simplicidade, versatilidade e rapidez, está sendo utilizada tanto no aperfeiçoamento das vacinas já existentes quanto no desenvolvimento de novas. Existem diversos protótipos de vacinas de mRNA voltados à melhoria de imunizantes já disponíveis, como os da influenza, raiva, malária, dengue, VSR, tuberculose e HPV, bem como para o desenvolvimento de vacinas inéditas contra HIV, Zika, citomegalovírus, herpes simplex, câncer e outras doenças. A preparação para futuras pandemias é outro enorme desafio. A Vigilância Epidemiológica precisa ser fortalecida, com a adoção da estratégia “Um Mundo” (One World), que integra o meio ambiente, os animais e as aves. Devido à complexidade e às dificuldades envolvidas, essa será uma missão desafiadora. Outro obstáculo importante é a produção rápida da chamada vacina X. Para isso, diferentes plataformas tecnológicas devem estar previamente preparadas, de modo a evitar perdas de tempo, e é essencial garantir acesso equitativo às vacinas para todas as populações.
No dia 20 de maio último, a 78ª Assembleia Mundial da Saúde aprovou, após mais de três anos de negociações intensivas, o primeiro Acordo sobre Pandemias, mesmo sem a participação dos Estados Unidos. O acordo se baseia na colaboração, parcerias e na troca de informações e materiais necessários para o controle de epidemias, com o objetivo de evitar uma nova pandemia. Trata-se de um avanço significativo e um importante passo para tornar o mundo mais seguro frente a futuras ameaças sanitárias. A vacinologia também inclui as operações de vacinação, que devem buscar altas coberturas vacinais. Um indivíduo vacinado recebe proteção individual e, quando a cobertura vacinal é elevada, obtém-se a chamada proteção coletiva ou de “rebanho”, que impede a circulação do agente causador e leva à sua eliminação. A varíola foi erradicada globalmente. A poliomielite, o sarampo (que, no entanto, voltou a circular) e a rubéola foram eliminadas no Brasil. São milhões de vidas infantis e de toda a população salvas graças às vacinas e à vacinação. Seu valor para a Saúde Pública é inestimável.
